(em dia de faxina)
Naquele ano que nunca acabou.
Os choros daquela época se multiplicavam
e eu inocente, sem sentir
deixei que o meu choro inicial gerasse tantos
que nunca mais tiveram controle...
E até hoje os encontro,
em todas gavetas que abro
As brincadeiras de esconde-esconde,
com meus irmãos,
me ensinaram a esconder do medo
Mas quando este me encontra...
continua me apavorando,
como fazia na infância
Não tive bonecas,
nem quase brinquedos,
Mas logo cedo descobri que podia sumir,
viajando com os livros
E desde essa época, tenho a estranha mania,
de os trazer sempre comigo,
de malas prontas,
Para que nunca me prendam
e me impeçam de ir
E assim cresci
e amei
E entre acidentes
geográficos,
físicos e psicológicos
me tornei o que sou
Mas por mais que corresse
as cicatrizes me alcançavam
Hoje,
as carrego todas,
sem tentar mais fugir
Pois as físicas, tantas,
já se confundem com a minha pele,
e as outras, se camuflam,
e já fazem parte de mim
Agosto/2006
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